Neste ano, Betim completa 85 anos de emancipação política, no entanto, a história do povoamento da cidade têm registros que datam o século XVIII. Mas o que a grande maioria da população não sabe é que, além dos documentos físicos, existem os registros orais que também preservam a história do município.
Compreender e valorizar a oralidade de Betim como um documento histórico é o propósito do Projeto Memórias de Betim, que será apresentado à população nesta quinta-feira (13), na Casa da Cultura, a partir das 18h, pelo coordenador geral do projeto e produtor cultural, Vítor Gonzaga, e pela professora e doutora em educação pela UFMG e coordenadora da pesquisa do projeto, Yone Gonzaga. A pesquisa Memórias de Betim-MG, coordenada pela Empresa Encruza Produções, resulta da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com patrocínio da empresa Essencis MG e da Viasolo Engenharia Ambiental S/A.
Por meio do projeto pretende-se produzir registros audiovideográficos sobre a história da cidade a partir da perspectiva e das lentes analíticas de pessoas residentes no município, membros das classes populares que têm experiências com as culturas e tradições negras que, em função de processos sociohistóricos, têm ou tiveram as suas vozes e memórias invisibilizadas. Posteriormente, esses registros poderão ser incorporados ao acervo cultural da cidade.
A pesquisa tem uma interface com o campo da Educação e espera-se que os produtos gerados pelo trabalho possam ser utilizados como subsídios educacionais pela Rede Municipal e Educação, em cumprimento à obrigatoriedade de inclusão da história e cultura africana e afro-brasileira nos currículos, disciplinado pela Lei 10.639/2003, que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).
O trabalho será apresentado prioritariamente aos membros dos movimentos socioculturais do município (religiosos/as de matrizes africanas, congados, capoeiras, rezadeiras, benzedeiros/as), às lideranças dos bairros (Centro, Brasileia, Pingo D’água, Cidade Verde, Citrolândia, Colônia Santa Isabel e Casa Amarela), aos representantes dos movimentos negros e das juventudes negras e aos representantes do poder público municipal nas áreas da educação e cultura; todos estes são sujeitos da pesquisa. Entretanto a coordenação do projeto estende o convite da apresentação à toda a população
Yone Gonzaga avalia que “o projeto é importante para Betim por reconhecer parte da sua história a partir do olhar de pessoas que nem sempre são ouvidas, mas que têm experiências de culturas e tradições, muitas vezes vistas apenas no aspecto folclórico, mas não no aspecto do conhecimento, da importância e da relevância para o município. Registrar a sua história e a sua memória projeta possibilidades futuras para os cidadãos betinenses que estão sendo educados no dia de hoje, para que ele possa conhecer e valorizar a história da cidade, e, sobretudo, valorizar as pessoas que fazem a história da cidade acontecer”.
Para o secretário de Arte e Cultura, Ubiratan Santana, “apoiar trabalhos que valorizam a oralidade é uma forma de reconhecer cada um dos moradores de Betim como protagonista da história da cidade, e, principalmente, dar voz aqueles que muitas vezes não tiveram a oportunidade de serem memorados nos registros físicos. Ter um registro de nossas memórias é um valioso presente para a cidade” agradece o secretário.