No próximo dia 3 de outubro, Betim dá um passo histórico e inédito na proteção, promoção e acolhimento das mulheres com a inauguração da Casa Jackeline Oliveira. O novo espaço foi concebido para oferecer um ambiente seguro e acolhedor, onde serão disponibilizados atendimento humanizado, apoio psicológico, assistência jurídica e encaminhamentos para a rede de proteção já existente. A iniciativa tem como missão garantir segurança, fortalecer a autonomia feminina, prevenir novas situações de violência e ampliar o acesso às políticas públicas de proteção e empoderamento.
O espaço funcionará de forma articulada, ampliando o alcance e a efetividade das ações desenvolvidas. Entre os serviços estarão:
• Patrulha de Proteção à Mulher (PPM);
• Cream (Centro de Referência Especializado de Atendimento à Mulher): acompanhamento psicossocial, encaminhamentos para a rede de proteção, Conselho Tutelar, psicólogos e acolhimento institucional;
• Superintendência da Mulher: apoio jurídico e realização de oficinas de fortalecimento e autonomia;
• Conselho Municipal dos Direitos da Mulher: presença e articulação junto à rede.
Os números mais recentes reforçam a necessidade da iniciativa. Segundo dados do Observatório de Segurança Pública da Secretaria Municipal de Segurança Pública de Betim, entre janeiro e agosto de 2025 foram registradas 1.999 vítimas de violência doméstica – o maior índice dos últimos oito anos, representando um aumento de 11% em relação ao mesmo período de 2024. Nesse intervalo, a cidade contabilizou ainda 2 feminicídios consumados, 4 tentativas de feminicídio, 24 estupros consumados e 60 estupros de vulneráveis.
De acordo com a vice-prefeita e secretária de Assistência Social, Cleusa Lara, a Casa Jackeline nasce para ser um lugar de cuidado e proteção. “Preparamos um espaço para receber cada mulher com o carinho e respeito merecidos, para que possa ter o devido apoio e seguir em frente. A violência tenta calar e enfraquecer, mas aqui a nossa mensagem é outra: nenhuma mulher vai caminhar sozinha. Estamos juntas para garantir segurança, dignidade e a chance de recomeçar.”
Com essa inauguração, Betim consolida mais uma etapa na construção de uma cidade justa, igualitária e segura para as mulheres, ampliando o acesso a uma escuta qualificada, acolhimento digno e encaminhamentos seguros.
Por que Jackeline?
Uma história de vida interrompida de forma trágica, marcada por dedicação e luta por justiça, será eternizada em memória de Jackeline Oliveira, jovem betinense brutalmente assassinada pelo ex-namorado aos 21 anos, no Dia das Mães de 1994.
Jackeline foi morta a tiros dentro de um carro em Betim. O crime teve repercussão nacional e revelou graves falhas investigativas: quatro jovens foram presos injustamente após confissões obtidas sob tortura. Por insistência da família e com o apoio imprescindível da imprensa nacional, abre-se um novo inquérito, com reconstituição do caso, que confirmou o ex-namorado como autor do feminicídio, que já havia sido apontado por Jackeline como ameaça constante. As investigações comprovaram que não houve assalto nem estupro, como relatado na primeira versão. Apenas os disparos ceifaram a vida da jovem.
O episódio expôs fragilidades e se consolidou como um marco na luta contra a violência de gênero em Betim. Mais de três décadas depois, Jackeline permanece viva na memória da cidade, símbolo da resistência contra o feminicídio.
Seu diário, preservado pela família, inspirou frases e imagens que carregam grandes reflexões sobre o tema e que compõem a identidade visual da Casa, visando o fortalecimento das mulheres que passam por situações semelhantes hoje. Assim, o nome Jackeline vai além de uma homenagem: o espaço foi preparado para transformar dor em acolhimento e oferecer apoio a centenas de mulheres betinenses.
Serviço
Data: 3 de outubro de 2025 (sexta-feira)
Horário: 9h
Endereço: Rua Dr. José Maria Alkimin, 144, Centro, Betim