As práticas do Salão do Encontro, registradas como patrimônio cultural imaterial de Betim desde 2017, serão os primeiros bens culturais do município a iniciar o processo de revalidação de seu registro, etapa que começou na última semana. Conduzida pela Superintendência de Patrimônio Público da Prefeitura de Betim, a ação marca um avanço na política de preservação e salvaguarda do patrimônio imaterial da cidade.
Além de estar entre os primeiros patrimônios registrados no município, a superintendência identificou a necessidade de interligar de forma mais efetiva o patrimônio ao poder público. Essa iniciativa representa uma medida de salvaguarda mais eficaz para a instituição, possibilitando a criação de um novo cronograma de preservação e acompanhamento do patrimônio.
A revalidação é um procedimento técnico e participativo que reexamina se os valores culturais, históricos e sociais que justificaram o reconhecimento do bem permanecem vivos. O processo consiste em uma análise criteriosa que envolve diferentes etapas. Inicialmente, é realizada a leitura do dossiê de registro para verificar se os aspectos que motivaram a patrimonialização ainda permanecem vivos. Também é avaliada a eficácia das medidas de salvaguarda já aplicadas, apontando se precisam ou não de atualização.
Outro ponto central é a pesquisa junto aos detentores ainda vivos do patrimônio, buscando identificar se os saberes e fazeres reconhecidos continuam presentes no cotidiano da instituição. A partir desse levantamento, os dados são analisados e consolidados em um relatório técnico, que terá a função de atestar ou não a permanência desses valores culturais. Ao confirmar esses atributos, o processo assegura a continuidade da proteção e reforça a importância da tradição para as gerações futuras.
Patrimônio vivo
Fundado em 1970, o Salão do Encontro tem papel fundamental na preservação dos saberes e fazeres tradicionais da cultura mineira. Esse trabalho é desenvolvido por meio de oficinas tradicionais, que contribuíram para o desenvolvimento socioeconômico de famílias com atividades de marcenaria, tecelagem, cerâmica e cestaria. Essas práticas foram adaptadas e incorporadas ao contexto da educação infantil, permanecendo até os dias atuais. Na escola do Salão do Encontro, oficinas como Fazendinha, Tecelagem, Cerâmica e Pintura permitem que as crianças tenham acesso a esses conhecimentos, desenvolvendo habilidades motoras, cognitivas e criativas no processo educacional.
Além do trabalho pedagógico, a comunidade também tem acesso a esse patrimônio vivo por meio de visitas patrimoniais. Nessas atividades, estudantes da rede municipal têm a oportunidade de conhecer de perto tradições ainda mantidas na instituição, como o processo de fiação de algodão, conduzido pelas artesãs, que preservam o ofício da tecelagem utilizando a técnica tradicional do tear mineiro.
“A revalidação do Salão do Encontro ultrapassa a dimensão da gestão administrativa e se insere em um campo mais amplo de preservação do patrimônio, reforçando o compromisso da prefeitura com a salvaguarda das tradições que formam a identidade da cidade. O registro de um bem imaterial envolve pesquisa, escuta comunitária e aprovação do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, sendo depois encaminhado ao Iepha. Além de preservar e fomentar manifestações culturais, o processo também contribui para ampliar a pontuação de Betim no ICMS Cultural, garantindo mais recursos para o setor”, pontua o superintendente municipal de Patrimônio Público, André Bueno.