Betim está transformando a forma de cuidar da saúde da população. Com uma estratégia inédita no município, a Prefeitura passou a usar o cruzamento de dados para identificar, de forma proativa, pacientes que precisam de atendimento com especialistas, especialmente aqueles com doenças crônicas que exigem acompanhamento contínuo. A medida já começou a reduzir filas e reforça o compromisso da cidade com uma atenção mais ágil, humana e resolutiva.
Batizada de Navegação do Cuidado, a ação integra sistemas da Secretaria Municipal de Saúde com o Geoprocessamento de Informações (GDI), desenvolvido pela Secretaria de Tecnologia da Informação. A proposta é simples e poderosa: garantir a continuidade no acompanhamento ao paciente.
A primeira etapa do projeto mapeou usuários internados em 2024 com diagnóstico de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), condição que exige atenção contínua. O cruzamento dos dados permitiu identificar 70 pessoas que poderiam se beneficiar de uma nova consulta especializada. Todas foram cadastradas e tiveram o atendimento agendado de forma ativa pela equipe técnica. Desse total, 30% compareceram, 34% faltaram, 20% cancelaram ou se mudaram, e cerca de 15% ainda aguardavam ou não puderam ser localizados.
A experiência evidenciou o potencial transformador da Navegação do Cuidado, ao mesmo tempo em que expôs desafios como a alta taxa de falta às consultas e falhas cadastrais, reforçando a importância da integração entre sistemas de informação e a articulação entre os níveis de atenção para garantir a continuidade do cuidado. A abordagem resultou na redução do tempo de espera para a consulta com especialistas e para o início dos tratamentos.
Além de demonstrar o potencial da estratégia para reduzir filas, o piloto evidenciou a importância de fortalecer a integração entre os níveis de atenção. A iniciativa já está sendo expandida para outras doenças crônicas e segue em aperfeiçoamento contínuo.
A atuação dos chamados “antenas” — profissionais que conectam as áreas técnicas da gestão municipal e a assistência — foi essencial para o sucesso da operação, idealizada com apoio da Fundação Beta.
“Essa é uma nova forma de cuidar: saímos da lógica passiva e buscamos ativamente quem mais precisa. Com dados, sensibilidade e articulação, Betim está construindo uma saúde mais justa, eficiente e inteligente”, afirma a secretária municipal de Saúde, Jaqueline Santana.
O presidente da Fundação Beta, Nykison Linhares, ressalta que a estratégia é resultado direto do uso integrado de ferramentas que já estavam disponíveis. “Estamos desbloqueando conexões e promovendo soluções reais. O dado, quando bem utilizado, se torna ponte para decisões mais assertivas e mais dignidade no cuidado”.