Nesta terça-feira (15), às 15h, prefeitos dos municípios da bacia do rio Paraopeba se encontrarão em Betim para discutir medidas efetivas contra a mineradora Vale. Durante o mês de janeiro, dezenas de cidades foram atingidas por enchentes e, por consequência, pela lama com rejeitos de minério que permanecem ao longo da cabeceira do Paraopeba.
Diante de novo aumento significativo do nível e da vazão do rio, provocados pelas chuvas da última semana, os prefeitos temem novos episódios de alagamentos antes mesmo da recuperação das áreas atingidas. Ainda no mês de janeiro, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) determinaram que a empresa apoiasse as prefeituras dos municípios atingidos pelas chuvas nas ações de limpeza de vias públicas e de propriedades particulares, mas nenhuma ação efetiva por parte da Vale foi realizada.
Para o prefeito de Betim, Vittorio Medioli, depois do desastre de Brumadinho, há três anos, essas enchentes revelaram um passivo incalculável, infertilizando uma área imensa às margens do Paraopeba. “Betim está providenciando um estudo de campo que medirá o volume de dejetos nas áreas atingidas, mas que já prevê um novo desastre ambiental. O material, além de tóxico, é de difícil remoção. Acabou com as redes de drenagem, as saídas de água, as fossas e as cisternas na região de Citrolândia, a região mais impactada com as enchentes no município”, salienta Medioli.
Para o secretário municipal de Meio Ambiente e presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba, Ednard Tolomeu, a notificação feita pelo governo do Estado à Vale reforça as suspeitas dos municípios afetados de que a lama que invadiu as casas deve conter rejeitos da barragem de Brumadinho. “O texto do Estado deixa expressa a preocupação com o ‘carreamento de rejeitos’. Além disso, a notificação obriga a mineradora a executar ações de estabilização de taludes e de margens ao longo de todos os rios da bacia hidrográfica do Paraopeba afetados por cheias, inclusive para evitar a erosão e que mais rejeitos cheguem aos cursos d´água”.